ANO DA GRAÇA DE 2007
Retalhos da vida de uns velhos nicolinos...
Quem não deixa sossegar a velhice?
A macieira ainda a goela me arrepia
E já na rua vai tamanha tagarelice?
Ai sois vós, a malta nova, quem reclama
A posse sua, pelos velhos devida,
Rai’s vos partam, que saudades dessa chama,
Não saís daqui, sem uma lição de vida.
Vinde à varanda, companheiros, são os malotas!
Pedem coisa que se coma, os animais…
Que lhes damos? Meia dúzia de bolotas?
Ou haverá, por aí, algo mais?
Bolotas não era mal pensado,
Lá ar de porcos, têm estes…
Mas prefiro ver desperdiçado
Um punhado de pérolas brilhantes.
Refrão:
O QUE CUSTA NÃO ESTAR AÍ EM BAIXO
JÁ DAQUI VOS IREI CONTAR
ENQUANTO A INSPIRAÇÃO ACHO
TOQUE A BANDA E TOCA A DANÇAR
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COM SUMOL DE ERVILHA ÀS FATIAS
NÃO HÁ RESSACA QUE NÃO DURE UNS DIAS…
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Já sabemos que quereis a posse, mas calma!
Falava eu da inveja de não estar entre vós,
Toda esta nostalgia, faz doer a alma,
Começamos a habituar-nos a parecer avós.
Eu só queria dizer-vos uma palavrinha,
Mas tenho a voz, do vinho, embargada
Acho que vou sentar-me à mesinha
Que já num consigo ber mesmo nada.
Deve ser vírus que aí anda,
Que eu também não me sinto bem
Foi dos rojões ou foi da banda,
Certo é que o Gregório aí vem.
Refrão:
O QUE CUSTA NÃO ESTAR AÍ EM BAIXO
JÁ DAQUI VOS ESTOU A CONTAR
ENQUANTO A INSPIRAÇÃO ACHO
TOQUE A BANDA E TOCA A DANÇAR
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PÊGAS MEDICINAIS DA CASA COUTO
METEM NA BOCA A DE TODA A GENTE…
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Ainda bem que no dia 4 há sempre a posse,
Sempre dá p’ra esquecer por um momento
O trabalho, a mulher, os putos, a puta da tosse,
Comer como um alarve e beber como um jumento.
Ora isto está muito bem, mas já vai mudar:
Este pinheiro, desculpai, foi uma merda
Chegou tarde, não se tocou nada e andar
Só se fosse à porrada, no meio da gleba.
Mas já passou, não vos martirizeis,
P’ró ano corre melhor, ides ver,
Esta noite ‘inda muito folgareis
Eu, já bebo desde 5.ª, p’ró o esquecer!
REFRÃO:
O QUE CUSTA NÃO ESTAR AÍ EM BAIXO
DAQUI VOS CONTINUO A CONTAR
ENQUANTO A INSPIRAÇÃO ACHO
TOQUE A BANDA E TOCA A DANÇAR
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TENHO DE ENCONTRAR UM T2, P’RÓ PAPÁ PAGAR… (cantado)
CAIXA DE CRÉDITO JARDIM GONÇALVES
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Desculpe o povo sereno que aguarda
Mas que seja pelos vossos pecados,
Nós gostamos de dizer bacorada
E, pelo meio, mandar uns recados.
Ena o que vai p’ra qui? Ele há gente a malho…
Desculpai, mas só cá vim apanhar ar…
Estava ali sossegado, a ferrar o galho,
Alguém se peidou e senti-me sufocar…
As senhoras desculpem, mas isto é o resultado,
De agora não ser preciso estudar,
Batem nos professores, faltam um bocado,
E chegam a doutores, sem saber falar.
Refrão:
O QUE CUSTA NÃO ESTAR AÍ EM BAIXO
DAQUI AINDA CONTINUO A CONTAR
ENQUANTO A INSPIRAÇÃO ACHO
TOQUE A BANDA E TOCA A DANÇAR
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CASA DE PASTO CAROLINA SALGADO
ESPECIALIDADES: MAMINHA E PITO DOURADO
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E a inspiração começa a faltar agora
Cheira-me que isto já não demora,
Já podeis ir encher essa pança de bom vinho
E o resto, se quiserdes, enchei de chouricinho.
Amanhã é o pregão, que quero cheio como um ovo
Lembrai que não é só de pão que vive o povo!
E com a palavra do Senhor termina esta função,
E eu vou p’ra casa grosso e a‘rrotar a rojão!
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Senhoras e senhores, obrigado pela paciência
Com que escustasteis este texto sem qualquer ciência,
P’ró ano acho melhor voltar o Jacques Laffite
Que sempre gosta de pachacha e nasceu em Corvite!
DESCE O CESTO, É SALTAR
TOQUE A BANDA, SEM PARAR
GEORGIVS CASTELORVM VIMARANIS
VIMARANIS IV POST KALENDAS DECEMBRII MMVII
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