O pregoeiro André Mendes recitou críticas satíricas da vida social, política, desportiva e cultural de um pregão escrito, novamente, por João Manuel Teixeira e Melo.
(Foto: Bilder Criativos)Pregão Académico 2011 PREGÃO DA ACADEMIA VIMARANENSE EM HONRA A S. NICOLAU Pelos autores e pela Academia dedicado à memória de Jaime Manuel Santos da Costa Sampaio, juiz da Irmandade de S. Nicolau, Pregoeiro em 1955, grande homem e grande Nicolino e ao 50º aniversário da Associação dos Antigos Estudantes do Liceu de Guimarães. Acordai já, ó milenares vultos! Ó Guimarães! Berço duma nação! Tu que és cidade de homens cultos Escuta hoje o antigo Pregão! Destas palavras honrosas do Santo, Serei apenas o seu emitente Anunciadas aqui neste canto P´la voz do estudante bem ciente Pois é o próprio São Nicolau O pretexto do nosso “festival” Que nos dá força no bom e no mau Dia, pois cada um é especial. E declamo desta insigne varanda Fazendo-o com tal estardalhaço Que mostra que a alegria manda Nas Nicolinas, em tudo o que faço. Ninguém zombará deste estudante E quem alto zurrar será punido, O que apregoo é muito importante Nem um guincho, um pio, um zumbido! Se não ao tanque de cabeça vais Que nem te apercebes desse mergulho O chafariz ao Carmo não volta mais No Toural ficará p´ra nosso orgulho. A galope ando pela cidade Na companhia de S. Nicolau Rezo o Pregão já desde a antiguidade Da Academia alto ergo o pau. Cinquenta anos! Velhos! Abraço! Gratos pela ajuda salutar Viva eu mais cinquenta como o aço Os cem velhinho vou festejar. O Olimpo está do nosso lado Deus Baco nos concederá a graça Para que não lhe ataque o enfado Que monte uma nuvem e venha à praça. Estudantes: respeito exigi Sintonizem-se! Liguem as antenas! Quero-vos firmes e hirtos, aqui, Pois vou iniciar a minha cena! ******************** Começarei por vós, ó minhas belas, Sentido das festas e desta vida, Vagueio por becos e por ruelas, Em vossa procura, sem saída. Matais-me à sede, até à fome ‘Té o corpo muda quando vos vejo E todo o medo logo se some! Assim cresce por vós o meu desejo Para vós doces, delicadas meninas, Se faz esta nossa celebração Chamem-se Binas, Ninas, até Quinas Tereis para sempre meu coração. O mastro lindo já no alto está Insigne, belo, garboso Pinheiro. No Toural para passar já não dá As obras parecem estar primeiro. Lautas Moinas e mui breves Novenas, As Posses e o Magusto já fiz O dia seis será o das “piquenas” Nas Maçãs, amanhã, serei feliz. Já foi no dia três pela noitinha Que tiveram lugar as nossas Danças. Dia sete, no Baile, serás minha Não me acabes com as esperanças… Nas Roubalheiras, essas, p’la calada Pegamos nas coisas sem qualquer mal De manhã a galhofa era pesada… Roubar pondo à porta do Tribunal… Passarei agora a divulgar, Notícias boas e más da urbe. Ao País e Mundo irei chegar, Não existe nada que me perturbe! Tal como disse o Alegre poeta E relato: “A mim ninguém me cala!” Mas pelo andar desta “camineta” Antes de declamar, vou afiná-la. ***************************************************************** Magalhães, a reforma vais devolver, Que ao teu salário acumulaste Do tribunal a sentença é a doer É hora de entregar o que levaste! Ao político nada se perdoa Essa reforma bem faz falta ao povo A Cristina leva-nos soma boa A do Serra… deves temer de novo. Nessa Fundação com nomes mui nobres Já houve mudança de presidente A ineptidão deles já nem cobres É demais… Demasiado evidente. E agora a música será nova?! Ou é vira o disco e toca a mesma? Ganhar e não fazer nem uma ova Faz da nossa cidade uma lesma. Se depressa não anda, vou à serra E vêde lá, porque já vou azedo! Não gosto que gozem cá com a terra Mesmo que sozinho não terei medo. Agora, andarão todos na linha De olho vos hei-de acompanhar Até agora foi nada, nadinha… Força, pois, que trabalhem a dobrar! Mas da nossa europeia capital Não há só más notícias, meu povo. Um exemplo é o nosso Toural Que já começa a cheirar a novo A Alameda mais parece um bosque Tenho medo de lá ir pela noite E quando por lá passo dou de frosque Pois se me apanham levo um açoite. Também temos uma nova calçada Em alguns sítios do berço nosso A rua estava engarrafada Com trânsito apertado não posso! Ficarás de cara limpa, cidade! Tu que tens muito de bela e de linda, De casas com rústica qualidade Ruas que pedem renovada vinda. Os turistas cá nos vão visitando Com os “mptrês” nos seus ouvidos Do centro ao Castelo vão caminhando Não conseguem passar despercebidos. Deliciada fica a maioria Pois visita uma cidade nova Mais arejada, com categoria Bem capaz de ser já posta à prova! Dois novos hotéis vão aparecer Para o visitante lá pernoitar E, assim como, fizeram crescer Nova via naquela circular. No Clube Industrial houve tiro Em Pevidém atirou-se ao pombo A estrada levou um novo giro Estou tonto! Agarrem-me que eu tombo. A Conceição recente foi pintada Com estrelas, nuvens e corações Decorada pela Ágatha Prada Uns gostam outros não… Opiniões… As Secundárias estão mudadas P’ra melhor, com novas instalações As hostes estão já mais animadas Para estudar sem quaisquer repelões. Neste ano fecharam seis escolas. Eram Primárias e com alunos! Que agora carregam umas sacolas Nas viagens nos “carros” nocturnos… Já os livros, esses, que tanto custam Ao colega do ano que passou… Peçam-lhe. O papá já não assustam Que pague o dele, o vosso poupou. A família junta uns trocados Na vila arranja um “terrenozinho” Para ir plantando aos bocados As hortaliças para o jantarzinho. Às sextas poderão passar na feira Bem arranjada junto do mercado Ficaram os dois lá mesmo à beira Olhem para mim! Foi bem apostado… Do Campo de São Mamede juntaram Tantas! Duas mil e doze crianças Um logótipo humano completaram Para uma capital de esperanças… De parabéns está o nosso Rei Pois novecentos anos comemora Aqui nasceu Portugal, eu bem sei Pegou em armas e rumou sul afora. O percurso da Marcha avançou Por ruas diferentes do passado Com dez carros este ano começou Bem decorados, tudo animado. Já o Jazz festeja vinte anos Na Guimarães Capital Europeia Vamos ouvir música, meus manos Penso que será uma boa ideia… Ó meu Vitórinha, meu clube amado O passado? Já se foi, deixa lá! Um bom futuro vem sendo augurado No D. Afonso ninguém passará! Força aí! Estamos esperançados! Essencial é mantermos a calma Na Liga Europa fomos arrumados Foram os anéis, permanece a alma! Machado resolveu ir-se embora Pois já estava debaixo de fogo De Paços veio outro sem demora Ó Rui! Vitória em cada jogo! No primeiro treino teve azar Tanta paixão que deu em pancada Um abanão era preciso dar Para dar novo alento à bancada! Há quem diga sempre: “É para o ano”. Começamos cheios de ambição Vemos vitórias vemos por um cano O problema, povo, é a gestão. O sócio não logram enganar Para mim não percebem nada disto Andam lá a ver o tempo passar Mas o clube é nosso, não desisto! ***************************************************************** Acabou-se a catástrofe Socrática Com seu ar de fingida juventude. Andava tolo, de veia lunática Pode ser que agora isto mude. Avulte alguém sério e sem medo Que honre o seu Estado, corajoso! Oh Coelho! Agora não sais cedo Como o cherne... Um tal Durão Barroso… Teve Sócrates lugar de timoneiro Enquanto afundava nosso barco, Temos troika a fazer de torpedeiro Não duvidem: cá estamos no charco! Nas finanças dinheiro deu sumiço É hora de apurar os responsáveis. O povo a ficar sem o cortiço, Para pagar gastos insuportáveis. Condenaram a nova geração! Abstendo-se do Governo dirigir Renegaram a pública missão Serviram-se, em vez de se servir… É do regime, o velho costume Crer inesgotável a mamada: Que se quilhe, eu não tenho queixume Vou comer o povo de cebolada! O FMI veio a Portugal É o credor e já está à espreita. Esperemos que nada corra mal A ver se esta coisa se endireita! Ao domingo o shopping está pejado De pessoas, mas comprar é que não. Actualmente gastar é tramado Muita gente vive sob pressão. O cinto não nos pára de apertar Agora deixarão de existir pontes, O teu salário irão cortar Cuidado! É bom que te aguentes. Já lá vai do santo, o feriado, Em escalada vai o desemprego Acabou o Natal subsidiado Vem acelerado o desassossego. Há quem vá pr’á cama sem ter jantado Das dívidas, as mãos cheias de papéis Vós que nos puseste neste estado Ao menos, ao povo, sejam fiéis. Foi-se o sonho - União Europeia Da esperança apagou-se a chama É sina, a austera epopeia Acabará hirta, jazendo na lama! Na Líbia houve a revolução Foi assim que o sistema cedeu Lá festejam com os tiros que dão O poderoso Kadhafi morreu. Quis financiar nos anos noventa A independência dos Açores. Era ideia que em mim não assenta Me alvoroça, altera os humores. À Madeira a crise já aportou Para a obra poder breve avançar, O Jardim novas eleições ganhou… Mas já começa a cambalear. A nossa Nação, sei que é valente! Nobre povo, somos heróis do mar! Há que levar essa ideia avante Com força de quem só tem a ganhar. ****************** Salvé, novo ortográfico acordo Abaixo a repressão! Viva o Povo! Agora, eu vou dando erro gordo Convenhamos que era um estorvo. Hei de dar erros até me fartar. Pelo acordo, perdi-me de amores. Imaginem, amigos, de pasmar! Do Pregão, ora são espetadores! É a academia quem hoje manda E para que outros possam ouvir, A mensagem que canto à varanda, Para outras bandas vamos seguir. Empurrem esse coche, vamos! Siga! Levantem a baqueta ao meu sinal Continuando esta Festa antiga Ribombem esse toque magistral. Façam entoar essas maçanetas Feitas de árvores e verdes ramos Ergam subindo as vossas baquetas Cantemos e bem alto: Não pagamos! Prefiro investir em outros ramos Como pr’a esta Festa se manter E para aquilo que mais desejamos Vinho, que a muitos dá de comer. Venha o trovão e a tempestade Serão aparados pelas baquetas Deste toque ireis sentir saudade Tal como do traçar das capas pretas. O caminho do tempo tudo leva Não tarda, agarrados às sebentas, Lembrareis os amigos desta selva. Agora abalroai às arrebentas! E tu aí ó jovem Nicolino… Açoita essas peles! Zás trás pás! Mostra-me aquilo de que és capaz. Façam da bravura nosso destino, Siga o Pregão em total desatino! Legatus constituit sanctum Nicholaum, João Manuel Santoalha Teixeira e Melo Tiago Bragança Borges Tiago Vieira Laranjeiro |
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